Por que Clinton, Obama e Trump levam a etiqueta do golfe a sério?

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A etiqueta, em geral, é um sistema de regras. E funciona como esquema de ajuda para orientar  comportamentos corretos. Ela não aborda todas as situações cotidianas, mas se destina a dar suporte a seu próprio critério, bom senso e compreensão daquilo que é fazer a coisa certa. Porque etiqueta, no fundo, é isto: sistema de gestos corretos para facilitar e embelezar a nossa vida. Podem apostar.

A etiqueta do golfe, em particular, comunica ao mundo a cultura, os valores e os preceitos do jogo. Sem a existência de padrões, a conduta ética se torna um conceito vago. A etiqueta, então, é uma referência canônica para todos os golfistas responsáveis.

O desporte do golfe é jogado, na maioria das vezes, apesar de todas as suas sutilezas, sem a supervisão rigorosa de um juiz. O jogo depende da integridade, da elegância, da responsabilidade e do caráter do sujeito em mostrar o que Ronald Dworkin chama de ‘o princípio da igual consideração e respeito’. No caso do golfe é necessário obedecer as regras e princípios: todo jogador deve se conduzir de maneira ética demonstrando discrição, reserva, cortesia e desportividade a todo o momento, independente, de quão competitivo e agressivo possa ser. Esse é o espírito ou desafio do jogo de golfe que fascina.

Neste desporte, o comportamento ético e responsável é um valor fundamental. É formador de caráter. As transgressões à etiqueta são levadas muito a sério e podem resultar em quebra da confiança e estigma.

Todos os golfistas e os caddies (carregadores de tacos que os acompanham) são responsáveis por cumprir e observar a etiqueta. Ela se aplica indistintamente a todos os que participam do mundo do golfe.

Na etiqueta do golfe a quebra da confiança é inaceitável. E sabemos que a corrupção política e privada constitui uma quebra de confiança. No caso do

 interesse público o corrupto trai a confiança que nele foi depositada pela sociedade para instaurar o bem estar comum.

E nesse contexto do rigor da democracia americana a aplicação e eficácia das regras de golfe parece ser um fator de impacto nada desprezível no combate à corrupção política . E é por isso, que nos Estados Unidos, o golfe atrai muitos políticos. E golfe não  é mais sinônimo de Tiger Woods e de rigor britânico, bolinha branca rima com Casa Branca.

A rigor, lá, nenhum golfista que cometer alguma  penalidade, pode exercer função pública. Brincadeiras  à parte, fato é que a fórmula do rigor e do sucesso político de Clinton, Obama e Trump consiste em efetivamente levar  a etiqueta do golfe a sério. E, por favor, não vamos criticar quem, dentre eles, passa mais tempo jogando golfe! Podem apostar: o swing de Obama é o melhor de todos eles.

Francisco Carlos Duarte é Ph.D. in Law e Procurador do Estado do Paraná inativo. Atualmente, reside em Lake Worth, Palm Beach County, Florida, onde pesquisa a relação entre a aplicação e eficácia das regras e princípios do Golfe e Direito.